Por mais turista desapegado que você seja, por mais
fútil e superficial que você seja, por mais desinteressado que você seja, por
mais alienado e, incrivelmente, banal que você seja, não tem como escapar do
tema da crise na Europa. Se não for por palavras
como essa que você encontra em uma parada de Metrô, vai ser nas capas dos
jornais, nos chamados contra a política do governo, nos mendingos nas ruas, nos
pedintes pelo transporte público. Nós, brasileiros da minha geração, temos uma
relação paradoxal com uma crise econômica violenta. A última se deu lá no
início dos anos 90, então é um misto de nostalgia com crueldade. Eram tempos
difíceis, mas eram tempos da infância, em que nossos pais, na maioria, se
esforçavam para o cenário não parecer tão brutal como era. Aquela coisa meio
"não tinha coca-cola todo dia, mas a gente era feliz". Uma ova. Hoje,
que somos os futuros possíveis desempregados caso uma crise semelhante se abata
sobre o Brasil, é desesperador. Hoje entendo, com mais crueza, a tensão que se
abatia sobre a minha família, ou melhor, sobre todos os brasileiros. Nós,
infelizmente acostumados a conviver com a pobreza e a desigualdade diante de
nossos olhos cotidianamente, nos chocamos quando nos deparamos com uma
realidade que, na prática, nos deveria chocar todo dia em nossa terra natal. E
é quando você, toda serelepe, depara-se com uma frase dessa. Neste sábado, tem
manifestação marcada de um tal Bloco de Esquerda. Não estou por dentro das
minúcias políticas de Portugal, mas sei das questões principais que são as que
realmente importa. Se tudo der certo, estarei lá para conferir.
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