quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Grande Tucanistão Veredas #1

Eu e uns amigos estávamos em um bar.
Começou a chover.
Forte.
Por mais de vinte minutos.
O homem da mesa ao lado levantou-se abruptamente...
e fez o que todo paulistano sensato faria:
sacou o celular para registrar.
Nunca se sabe.
E a vida segue em Grande Tucanistão Veredas.

Drama 24 de dezembro

-- Filha, que saudades! Estava te esperando...
-- Eu também, mãe! Que linda! Me esperando... praaa...?
-- Ir ao shopping!
-- Oi?
-- É, oras.
-- Cê jura?
-- Sim.
-- Hoje?
-- É.
-- Véspera de Natal?
-- An-ham.
-- Qual?
(Ainda refletindo na pergunta sobre a livre escolha de qual barbárie enfrentar)
-- Dom Pedro
(Calafrio na espinha)
-- Fazer o quê?
-- Comprar seu presente.
-- Meu? Só meu?
-- Sim, não quis comprar sem a sua companhia.
(Olha o gooolpe)
-- Sério?
-- É...
(Eu já manjada dos paranauê maternal)
-- Deixa pra depois então, meu maior presente é a sua companh...
-- Ah... mas também faltou ainda a lembrancinha da fulana, beltrana...
(bingo)
-- Mas...
-- Vamos enfrentar isso juntas.
(Como uma espartana convocada para a guerra do Peloponeso)
-- Vale pelo menos almoçar em casa pra poupar a cena do restaurante?
-- Vale. Relaxa, filha, já enfrentamos coisas piores...
--... (suspiros)....
‪#‎prayforme‬

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

SP Off-road #1

-- Ana Clara, quanto tempo! O que você anda aprontando?
-- Eu? Aprontando? Nada. Sou um poço de serenidade. 
-- Tá trabalhando no mesmo lugar?
-- Sim, continuo aqui...
-- E esta cidade maravilhosa?
[deve ter confundido]
-- São Paulo?
-- É, oras...
-- Água acabando, gente querendo a volta da ditadura militar, cantor puxando passeata fascista, deputado eleito dizendo que fuzila a presidenta, um bando de birrento que só questiona a eleição porque perdeu, tem uma galera de luto pela democracia que eles não sabem exercer e querem acabar, tá assim, digamos, uma beleza... melhor impossível.