sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Queria ver se fosse em bairro rico...

Aí você liga a TV e ouve do repórter: "queria ver se fosse em bairro de classe média se a polícia saia atirando desse jeito". Súbito de consciência? Excesso de doRgas nos bastidores? O mundo melhorou? As pessoas receberam a luz? Tomaram pílula vermelha? Não. Não mesmo. 
Aí você se pergunta que tipo de interesse está por trás da história desse tal bandido matemático. Porque, come on, esse argumento do "queria ver se fosse em bairro rico" serve para tudo neste país. Tudo mesmo. É cotidiano. Para quem sofre com a violência, a desigualdade e o preconceito de classe todo dia, é como se o repórter falasse: "quero ver todo mundo comer arroz com feijão no almoço". Mas é claro que aquilo dito assim, amiúde, pelo maior conglomerado de comunicação do país, aguça a curiosidade. 
Como assim não justificaram uma ação que não saiu um civilzinho morto sequer e conseguiram matar um bandido procurado? Quantos milhões de ações semelhantes, similares, ipis is literis, não foram feitas e defendidas e justificadas? O resultado disso, infelizmente, está espalhado pela minha timeline. Com um bando de gente, achando "rebelde" falar mal da Globo, usando um preceito, diria, até malufista de lidar com a violência no país. E isso acontece justamente quando a empresa -- por razões que me coçam as entranhas saber -- se aproxima minimamente de um debate (superficial, mas ainda um debate) sobre a atuação da polícia. 
Ninguém é inocente. Não acredito que a empresa tenha avançado, é claro que há interesses escusos, mas é bizarro. Ou não. Ou fui eu que fiquei muito tempo offline da TV e perdi alguma coisa nos últimos 10 anos. Agora que voltei, levo um susto atrás da outro, além da verossimilhança sem noção da Gloria Perez.

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