sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Diário de bordo. Etapas.

Toda viagem internacional tem duas etapas: identificação e desapego. A primeira é questão de necessidade. Procura-se tudo que é familiar para ter agilidade na caminhada. É assim que você grava fácil, em qualquer língua: entrada, saída, ponto de ônibus, telefone, o nome da rua, do bairro, estação de metrô, alimentos, bom dia, boa tarde/noite, obrigada, oi, tchau e afins. Para aproveitar, tem que ser rápido. E já pular para a etapa seguinte. Nos primeiros dias, essa fase é um pouco longa. Ouve-se o próprio celular tocar ou vibrar toda hora, procura-se instintivamente lugares parecidos com o que está habituado a frequentar, pensa-se nos últimos emails que respondeu, quer tirar foto de tudo, inclusive com você no centro. Quando se viaja sozinha, o processo é mais rápido. Você não vai sempre ter paciência de pedir para alguém, que sabe-se lá que língua fala, para tirar foto. Depois de um tempo, focamos a lente apenas no essencial. Dá-se bem menos cliques. O lance é curtir o cheiro, o sol, a paisagem, as pessoas. Para o resto tem o Google. Também desencana-se da alegria de encontrar brasileiros, ela só aparece quando você está em deslocamento e tem dúvida sobre algum procedimento. Em Portugal, por causa da língua, a primeira etapa quase nem existe. Vale destacar que muitos turistas nunca dão o passo seguinte. E passam a viagem inteira fazendo comparações anacrônicas e sem sentido de acordo com a (falta de) bagagem cultural de cada um. A viagem para Porto foi fantástica. Mas se você gosta de silêncio, nunca pegue ônibus em Portugal. Ele vai com o rádio local ligado nas alturas aaaaaalll the time.

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