Vai ter Copa, vai ter
manifestação, vai ter gente na rua gritando Brasil por mais direitos e
chuta essa bola direto pro gol. Tudo ao mesmo tempo, junto e misturado.
Vai ter gente que até ontem não sabia o que era impedimento desfiando a
escalação do Uruguai de cor e gente que até ontem não sabia o que era
democracia de fato estufando o peito nas ruas com bandeiras. Vai ter
gente dizendo que Joaquim Barbosa é o
novo batman tupiniquim e gente dizendo não falei que o Felipão ia
amarelar. Vai ter black-bloc querendo misturar joio com trigo e vai ter o
torcedor defendendo a retranca conservadora do técnico. Vai ter um país
que quer ir para frente, que não se contenta com a Copa, que quer fazer
democracia, quer investimento em saúde, educação, transporte,
segurança, quer discutir o destino do PIB, quer jogar futebol, quer
avançar em direitos. E isso tudo bem misturado -- de pessoas que torcem
pela seleção, mas também lutam por um país melhor -- é o cenário mais
exemplar que o Brasil poderia dar ao mundo, quando todos os olhos estão
voltados para cá. É de encher de orgulho saber que vamos sediar um
evento como a Copa em um momento de profunda agitação política. Não
estou nem aí para as malas de estrangeiros que podem ser extraviadas
como acontece em qualquer lugar do mundo ou com o taxista do aeroporto
não ter proeficiência em três línguas. Que venham os jogos, as
manifestações, as festas, as concentrações, as bandeiras de países e de
reivindicações, o país vai ferver.
04/06/2014
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