sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Retrospectiva.

Não, Zuckeberg, desta vez você não acertou a retrospectiva de 2013. Talvez você não entenda que fazer três viagens internacionais no mesmo ano: Argentina, Europa e Pará (sim, lá é outro país, ainda mais se você anda mais de 500km de chão batido na transamazônica em transporte público) seja tão marcante quanto deixar um terrinha que te deu um time para amar, amigos para admirar e praticamente uma nova identidade: café com leite na medida. Talvez você não entenda o que é voltar, depois de anos, para a província paulista e se reconhecer em algumas coisas, não se identificar em muitas outras e se questionar qual é o seu próprio lugar no mundo. Dificilmente, vai compreender o que é participar de um casamento de uma amiga de infância em que você se debulhou em lágrimas porque aquilo ali também é parte da sua história. Você também não vai entender o que é, inocentemente, ir estudar espanhol em Córdoba e, de repente, criar laços fraternos com pessoas de diferentes continentes. Vai ser muito custoso te fazer alcançar, por exemplo, a felicidade de estar lendo um livro incrível, do seu cronista preferido, comprado em uma feira literária argentina, que ainda não tem no Brasil. Como te convencer que a exposição de arte mais fantástica da minha vida estava em Verona, fiquei lá dentro mais de três horas até minhas pernas racharem de cansaço? E, depois, em Málaga, fui em tanto museu que até sonhei com as obras de Picasso. Sem falar na aventura de fazer o Novecento em Milão de playground com uma amiga italiana; ser salva em Lisboa, depois de desmaiar em um hostel, bater a cabeça na parede por causa de uma baita dor de garganta; e ser interrogada e revistada pela polícia federal marroquina. Não sei em qual check-in te dizer que ainda tive tempo de parar no olho do furacão da selva de pedra chamada São Paulo. De repente. Agora, talvez, do ponto paulistano em diante, você tenha acertado. Mas dois mil e crazy ainda não acabou.

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